Au Revoir

    Os olhares nervosos esbarraram-se. Ela o fita. Ele repara nela, e no nervosismo dela.
    - Não vai dizer nada? Este silêncio pesa tanto.
    - O que você quer que eu diga? - Ela mexe no seu cabelo ruivo, mau presságio. - Peça que você fique, pois não sei viver sem seus lábios? Eu sobrevivo.
    - Então quer que eu vá?
    - Também não. Eu gosto da sua companhia. Reconheço suas manias e humores só pelas suas pupilas. Seria injusto com você se os meus argumentos para que fique, restarem apenas nesta vivência cômoda.
    - E quanto ao amor? Ele não pode servir como persuasão?
    - Não vou mentir. - As mãos suadas. - Importo-me demais para fazer isto.
    O silêncio novamente pousado sob a despedida.
    - Agora é você quem está quieto.
    - Humm... É uma boa oportunidade para meu futuro. Costumava sonhar com uma vaga dessas.
    - Costumava?
    - Aham. - Acaricia o rosto delicado dela. - Agora, só sua pele parece fazer sentido.
    - Por que quer tornar isto tão difícil?
    - Por que insiste em facilitar? Fui tão pouco assim?
    - Aceite o emprego. Voe pra além mar. Recomeçe sua vida lá, como sempre quis.
    - As minhas prioridades mudaram.
    - As minhas não.
    - O que está tentando dizer-me?
    - Enquanto continuarmos juntos, aqui, não conseguirei focar-me nos meus objetivos.
    - Besteira!
    - Não, não é. Cansei de estar apaixonada por seu peso. Quero alcançar o mundo, não só nós dois.
    - Então é isso. Vamos terminar?
    - Já terminamos.
    Ele dá as costas antes que as lágrimas fossem evidências. Ela sentada, o vê afastar-se. Entrar no portão de embarque. E não virar seu rosto para um último contato.
    O choro negado principia tímido. Assim como as palavras que sussurra para si:
    - Meu único objetivo é torná-lo o homem que nasceu para ser.

    Confira o texto também no RECANTO DAS LETRAS.



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    "Nunca houve no mundo duas opiniões iguais, nem dois fios de cabelo ou grãos. A qualidade mais universal é a diversidade." [ Michel de Montaigne ]

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    Luiz F. Veríssimo

    "Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."

    Anaïs Nin

    Anaïs Nin

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    "Você vive assim, protegido, em um mundo delicado, e você acredita que está vivendo. Então você lê um livro... ou vai fazer uma viagem... e você descobre que não está vivendo, que está hibernando."

    Marcello Mastroianni

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